Representantes da administração da Massa Falida do Grupo João Lyra, acompanhado da Polícia Militar, estiveram nesta quinta-feira,9, no Acampamento Che Guevara, em União dos Palmares (AL), para colocar cadeados em um galpão vazio que é utilizado pelas famílias para reuniões, cursos e atividades da comunidade, cumprindo decisão judicial.
De acordo com a coordenação do MST, a ação sob ordem dos juízes responsáveis pela Massa Falida a pedido da administração da Massa Falida, é mais um passo de ameaça aos acampados e acampadas, para intimidar as famílias a deixarem a área.
?Essa não é a primeira vez que somos ameaçados aqui?, destacou a coordenação do Acampamento Che Guevara. ?Não querem aceitar que o espaço que antes era apenas solo de exploração pela cana-de-açúcar, hoje seja terra de produção de alimentos e busca de vida digna para centenas de famílias?.
A ação de fechamento do Galpão foi realizada sob protesto das famílias do acampamento Che Guevara e de outros acampamentos da Massa Falida.
O espaço interditado servia de local para atividades coletivas, encontros e organização da comunidade que vive na área da Usina há anos.
Na ocasião centenas de trabalhadores e trabalhadoras, do MST e de outras organizações que estiveram juntas nesta manhã (FNL, MTL, CPT, MLT, MLST e Terra Livre), cobraram o cumprimento do acordo realizado em 2015, quando da ocupação das três Usinas do Grupo ? Laginha, Uruba e Guaxuma.
O acordo à época feito com representações do Tribunal de Justiça de Alagoas e do Governo do Estado de Alagoas e os Movimentos Sociais de Luta pela Terra era que a Usina Uruba seria desocupado em 90 dias e que se faria ao certo de contas com dividas que o grupo tem com o estado de Alagoas e então as terras da Usina Laginha e mais cerca de 1500 a 1800 hectares de terras da Usina Guaxuma seriam destinados para a Reforma Agrária.
O acordo foi cumprido pelos Movimentos Sociais que em menos de 90 dias desocuparam as terras da Usina Uruba, mas passado 8 anos continuam aguardando que a Justiça e o governo do estado resolvam a situação das famílias.
Entenda o caso
João Lyra, ex-Deputado Federal (PSD), teve sua falência decretada há mais de 10 anos, devendo cerca de R$ 2,1 bilhões a credores, governo federal e estadual e a ex-funcionários. O empresário, que já foi considerado um dos deputados federais mais ricos do país, comandava um conjunto de cinco usinas de cana-de-açúcar em Alagoas e Minas Gerais. Atualmente, João Lyra conta com 276 ações judiciais, a maior parte como ação trabalhista.
*Editado por Fernanda Alcântara
Oficial de Justiça faz em breve comunicado informe sobre reocupação de galpão ao MST da Laginha(foto MST de AL)
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