Antonio Aragão
Registro MTB 2370-AL
Estudiosos da política contemporânea afirmam que a presença de representantes nos parlamentos estaduais e federais, bem como no Senado, é fundamental para o desenvolvimento de uma cidade. No caso de União dos Palmares, a trajetória histórica revela uma decadência contínua nesse aspecto, especialmente a partir da segunda metade do século XX.
Os mais antigos ainda se recordam de um nome que colocou a cidade em destaque nacional: o saudoso Antonio Ribeiro Casado. Plantador de laranjas e figura de postura nobre, ele chegou ao cargo de suplente de senador na época em que a capital federal ainda era o Rio de Janeiro. Apesar disso, morreu esquecido pela política e permanece até hoje sem o devido reconhecimento.
Outro nome marcante foi o engenheiro agrônomo Antônio Gomes de Barros, natural de Joaquim Gomes, mas com forte vínculo com União dos Palmares. Teve sua candidatura ao governo do estado barrada pela ditadura militar, mesmo tendo uma reputação íntegra e respeitável. Foi deputado por diversas vezes, chegou a presidir a Assembleia Legislativa e depois foi nomeado vice-governador na gestão de Divaldo Suruagy. Homem de conduta exemplar, é lembrado com carinho por quem viveu sua época.
Posteriormente, José Alves, deputado estadual e também palmarino, foi eleito graças a votos vindos de outras cidades, em razão de sua aliança estratégica para não rivalizar com o grupo político de Antônio Gomes. Era conhecido por seu carisma e dedicação ao trabalho.
Na sequência, surgiu Afrânio Vergetti, ex-prefeito que por vários anos ocupou uma vaga na Assembleia Legislativa. Em sua gestão municipal, executou obras importantes, como a construção da Estação Rodoviária Povina Cavalcanti e a pavimentação de diversas ruas com paralelepípedos. Foi responsável pela criação da Festa do Milho, evento que entrou para o Calendário Turístico Nacional e ainda hoje movimenta a economia local. Casado com Cristina Vergetti, uma mulher de grande atuação social, deixou um legado ainda lembrado pelas camadas mais humildes.
Outro importante nome foi o economista Manoel Gomes de Barros, filho do doutor Antônio Gomes. Seu mandato como prefeito modernizou a cidade com obras como a duplicação da Avenida Monsenhor Clovis Duarte, a sede da Prefeitura e a quadra municipal "Seu Paizinho". Foi também vice-governador ao lado de Divaldo Suruagy, figura que, apesar de seus serviços prestados, não tem sequer uma rua em sua homenagem na cidade, um símbolo da ingratidão política local.
Manoel Gomes de Barros Filho, o senhor Nelito, também teve mandatos parlamentares, herdando a influência e o prestígio político do pai.
Já o radialista e apresentador Jeferson Moares, natural da Usina Lajinha, filho de trabalhadores rurais, obteve uma vitória eleitoral impulsionada pela força da comunicação. Contudo, adoeceu, não conseguiu se reeleger e faleceu ainda jovem, mas com seu nome eternizado na política da terra da antiga ferrovia e das palmeiras.
Apesar de contar com figuras talentosas e capazes em seu território, União dos Palmares sofre com uma apatia coletiva em relação à eleição de representantes políticos. Diferentemente de cidades vizinhas menores, que conseguem eleger até dois senadores, o município, com quase 40 mil eleitores na 21ª Zona Eleitoral, não consegue eleger nem um deputado estadual.
Esse quadro se agrava ao observar que os últimos prefeitos "Rosiber Oliveira, Iran Menezes, Dr. Areski Freitas e o atual Junior Menezes" são, em sua maioria, de outras cidades ou cresceram afastados dos interesses e da realidade palmarina. A cidade, marcada pela ausência de representatividade, parece mais acolhedora aos forasteiros do que aos próprios filhos da terra.
Por fim, é curioso lembrar que até Zumbi dos Palmares, símbolo maior da resistência e da liberdade negra no Brasil, era, na verdade, de Porto Calvo. Coincidência ou mais um sinal de que União dos Palmares continua sendo uma terra madrasta para os seus e generosa apenas com os que vêm de fora? O futuro dirá.
Antônio Aragão é jornalista e editor do blog O Acendedor de Lampiões - da Tribuna União
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